Relatos da Grace Kelly e do Tom Tom


Olá, eu sou a Grace Kelly!* 

Tenho nome de uma princesa humana, mas fui vítima dos caprichos de uma criatura bem desumana que se acha princesa. Vou contar minha história. Era uma vez uma pombinha nascida em cativeiro, criada para ser usada e explorada em troca de dinheiro. Humanos gananciosos fazem isso com todas as espécies de animais, nas mais diferentes modalidades. Essa criação de pombos tinha como objetivo mantê-los aprisionados por toda a vida para usá-los como adereços em cerimônias de casamento. Humanos fúteis acham isso chique – com pombos e também com borboletas e outros animais. 

No caso dos escravos de minha espécie, funciona assim: a humana que se acha princesa contrata uma empresa de exploração de animais para soltar pombos brancos em seu casório (e olha que eu nem sou totalmente branca, o valor pelo meu aluguel deve ter sido mais baixo); e, no meio de todo aquele barulho e balbúrdia, quando pousamos no chão para descansar, alguns de nós somos pisoteados – não importa se intencionalmente ou não, o fato é que somos pisoteados. 

E foi assim que perdi uma de minhas patas e não posso mais voar. Meus amigos que escaparam ilesos voltaram para a prisão e exploração, mas eu fui resgatada e cuidada por uma veterinária voluntária da Natureza em Forma, que conseguiu um espaço para mim aqui no Centro de Adoção, onde aguardo uma família cuidadosa e responsável. Se você mora em uma casa com viveiro ou quintal fechado de no mínimo 3 x 3 metros e ama e respeita todos os animais, venha adotar eu e meu amigo Tom Tom! 



Olá, eu sou o Tom Tom!* 

Assim como a Grace, fui resgatado pela veterinária da ONG após ser vítima dos humanos. No meu caso, não fiquei aleijado por causa da ganância e futilidade, e sim pela maldade mesmo. Estava eu andando tranquilamente por uma rua do centro de São Paulo, dando minhas ciscadinhas aqui e ali, quando senti uma sombra vindo em minha direção. Antes que eu pudesse me desviar ou levantar voo, POU!, senti um chute em meu corpo. Doeu pra caramba, e o resultado foi uma asa fraturada e a impossibilidade de voar. E fiquei sabendo que talvez minha asa tenha que ser amputada. 

Tem humanos que cometem essas violências gratuitas contra os pombos. O curioso é que há aqueles que exaltam a tal da “pomba da paz”, a pomba branca que supostamente simboliza algo que eles decididamente não seguem em seu dia a dia, sendo exemplo disso os muitos preconceitos que essas criaturas supostamente racionais carregam e alimentam em suas mentes. Um desses preconceitos tem como (literalmente) alvo os pombos de rua como eu. E por isso eles saem por aí nos chutando, jogando pedra, envenenando, atropelando com bicicleta e com carro etc. 

Alguns chegam a justificar esses atos insanos com a velha crendice de que nós transmitimos doenças. Acontece que nós, pombos, podemos ficar doentes como qualquer animal, mas daí a contaminar seres humanos, sermos um risco à saúde pública (os humanos é que são um enorme risco à nossa integridade física, eu que o diga!), já é puro disparate alimentado pela ignorância. Para começar, a tal da “doença do pombo” não existe - leia aqui sobre outros mitos em relação a nós, todos desmentidos. E não deixe de ler também outro texto publicado aqui no blogue, 21 razões para admirar os pombos, e veja como, além de não sermos um perigo, somos... admiráveis! 

Finda a defesa de meus semelhantes, reitero o convite feito pela Grace: se você não for desses humanos mal informados e tiver espaço em seu coração e em seu lar, venha nos adotar! Confira aqui o endereço e telefones da ONG!


Os coelhos nesta foto são Camomila e Citronela, nossos companheiros aqui na ONG, 
que também aguardam uma família humana e carinhosa!



*Textos escritos pelo Paulo Furstenau, jornalista voluntário da Associação Natureza em Forma

Fotos: Natureza em Forma / Divulgação

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