Cães infectados por leishmaniose podem não desenvolver a doença, mas prevenção deve ser feita

    Foto: EPTV / Reprodução


Os cães infectados por leishmaniose podem não desenvolver a doença na maioria dos casos, segundo a médica veterinária especialista em leishmaniose e presidente do Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais de Campinas, Ingrid Menz. A manifestação da enfermidade vai depender da saúde, do sistema imunológico do animal. Em contrapartida, os cães infectados podem transmitir a doença ao vetor até o fim da vida. Em Valinhos (SP), 24 casos da doença em cães foram confirmados, até 23 de junho de 2017.

"Existem animais que vão ser picados a vida inteira e vão morrer de velhos. São animais resistentes à doença. Eles dependem dessa resposta imune celular. E tem animais que são picados uma vez e vão desenvolver essa doença em até seis ou sete meses. Antes de terem os sintomas, eles já podem transmitir. Só que uma coisa é bem clara: quanto mais sintomas, mais ele transmite ao vetor [mosquito], não ao ser humano", explica a veterinária especialista.

    Foto: EPTV / Reprodução

A doença causa queda de pelos, lesão nos olhos, crescimento e deformação das unhas, entre outros sintomas. Ao primeiro sintoma, o animal já deve passar a usar uma coleira específica que repele o mosquito transmissor da leishmaniose, mais conhecido como mosquito-palha, asa-dura ou flebotomíneo (por transportar o protozoário de mesmo nome), e que tem 2,5 mm de comprimento.

"Tanto antes quanto depois de ficar doente, esse animal precisa usar a coleira. E não pode perder a data da troca da coleira. [...] Ele tem que continuar com a coleira e usar o resto da vida porque esse animal pode ser um transmissor", alerta.

Mosquito transmissor da leishmaniose (Foto: EPTV / Reprodução)


Também existem inseticidas específicos que podem ser usados na nuca do cachorro, segundo a médica, e a vacina também ajuda a imunizar o bicho. Mas, para ela, o uso da coleira é essencial.

De acordo com a Prefeitura de Valinhos, além dos 24 casos confirmados da leishmaniose canina, foram descartados 89 registros suspeitos e 61 ainda são investigados na cidade. A espécie também ataca humanos e a doença pode levar à morte em 90% dos casos, quando não há tratamento. Não há casos em humanos no município.

Coleira repelente ao mosquito da leishmaniose (Foto: EPTV / Reprodução)


Medicação e tratamento

"Foi aprovado um determinado medicamento para o tratamento da leishmaniose canina. Ele é aprovado pelo Ministério da Agricultura e pelo Ministério da Saúde, então existe tratamento", afirma Ingrid.

Segundo a veterinária, para um diagnóstico preciso, é necessário fazer a sorologia e exames parasitológicos. O animal tratado precisa ser monitorado, no mínimo, a cada quatro meses.

"Esse animal tem que ser monitorado a cada quatro a seis meses no veterinário porque é uma doença crônica, como o diabetes. Então tem que ser monitorado até o fim da vida", alerta.

Não é contagiosa

A veterinária ressalta que a leishmaniose canina não é contagiosa, ou seja, o tutor e o animal podem conviver normalmente. "Pode continuar beijando seu cachorro, dormindo com o seu cachorro, que não vai pegar", ressalta.

O único transmissor, o mosquito, vive na mata. Infectado, ele leva seis dias para começar a transmitir o protozoário para os animais, e prefere picar entre o fim da tarde e início da noite.

No entanto, com os desmatamentos, ele se aproxima das residências em área urbana, principalmente as que ficam em regiões de mata; está mais próximo dos seres humanos. É preciso cuidar da limpeza de terrenos baldios e lixo.

Leishmaniose também é transmitida a humanos (Foto: RBS TV / Reprodução)


Prevenção

A recomendação da Prefeitura de Valinhos é para que os moradores mantenham as áreas ao redor da casa e pés das árvores limpos e com espaço para passagem de luz solar no solo. "O mosquito se reproduz em matéria orgânica em decomposição, como montes de folhas, restos de grama e de poda de árvores deixados em lugares úmidos e sombreados", informa texto da administração municipal.

É recomendada colocação de telas nas portas, janelas e abrigo dos cães para impedir entrada do mosquito, que tem hábito noturno. Além disso, os moradores devem usar repelentes, camisa de manga comprida e calça durante trabalhos ao redor dos imóveis, e colocar nos cães coleira que funcione como repelente para o mosquito-palha.

O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Valinhos faz gratuitamente a coleta de exame para investigação da leishmaniose visceral. Os interessados devem fazer o agendamento pelo telefone (19) 3829-2197. O material é levado para o Instituto Adolfo Lutz e os resultados costumam ficar prontos em 15 dias.

Veja o vídeo.



Fonte: G1

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