CNN expõe escravidão em fazendas de gado brasileiras


Sob o título Escravidão na Amazônia: milhares forçados a trabalhar em fazendas de gado no Brasil, reportagem da emissora CNN revela o trabalho escravo humano nas fazendas de gado no norte do Brasil.

Como uma prática rotineira, os trabalhadores são atraídos com promessas de trabalho remunerado, mas em vez disso ficam sob um sistema de dívida em que o pagamento é limitado a refeições – das quais eles recebem uma por dia – e acomodações miseráveis, ou dormindo no chão do curral. Um desses trabalhadores, Luiz Cardoso da Silva, 69 anos, não recebe salário há dois anos.

“Sou inspetor há quase 20 anos e esse é realmente um dos piores casos que já vi”, diz o inspetor Marcelo Gonçalves Campos, do Ministério do Trabalho, sobre um recente flagrante. “Eles estão sendo tratados – sem qualquer exagero – como animais, dormindo no mesmo curral que o gado.

A reportagem explica que a escravidão por dívida é comum no “país bovino sem lei”. De acordo com o coordenador da última operação, Andre Wagner, também do Ministério do Trabalho, “você vê pessoas trabalhando em condições degradantes, com um horário de trabalho exaustivo, comendo uma refeição por dia, enquanto não recebem qualquer forma de salário ou um muito pequeno, porque sua comida e ferramentas são descontados”.

Mais de 50 mil trabalhadores foram resgatados do que o Brasil define como condições análogas à escravidão, desde que as unidades móveis foram criadas em 1995. Um terço deles veio de fazendas de gado. Os recursos do País para combater a exploração são limitados. O número de unidades móveis – compostas por inspetores, promotores e policiais federais – caiu de oito para quatro, em apenas uma década.

A famosa “carne de capim” produzida nessas fazendas é um alimento básico nas casas de muitas pessoas e é muito exportada, representando US$ 4,35 bilhões em receitas em 2016. Poucos consumidores suspeitam que a exploração de mão de obra escrava seja uma parte enraizada dessa cultura.

Xavier Plassat, um frade dominicano francês, dedicou sua vida a combater o que ele chama de escravidão moderna na região. “O principal ponto sobre a escravidão é que alguém quer fazer lucro com custo zero”, diz ele. “Aqui, mais do que em qualquer outro lugar, é fácil fazer lucro com custo zero.Você está na fronteira da agricultura, da pecuária.”

Plassat, de 66 anos, trabalha com a Comissão Pastoral da Terra, coordenando uma campanha nacional contra a exploração do trabalho. Ele tem uma rede de agentes e informantes que investigam e enviam relatórios de abusos trabalhistas às autoridades federais. Inicialmente, suas dicas levavam a cerca de um quarto dos flagrantes feitos por unidades móveis. Isso fez com que alguns dos ativistas da igreja fossem mortos – mais notavelmente Dorothy Stang, a freira norte-americana baleada e morta em 2005.

Segundo ele, as condições melhoraram na região, mas a escravidão moderna está longe de ser erradicada. “A escravidão é um sistema e tem várias raízes: impunidade, ganância, vulnerabilidade, miséria. Se você não abordar tudo ao mesmo tempo, você provavelmente terá as mesmas pessoas voltando ao mesmo ciclo de escravidão.”

Ele está preocupado com o fato de que o Brasil poderia realmente retroceder na questão. Um lobby rural cada vez mais poderoso no Congresso Nacional pressionou para relaxar a definição muito ampla do país de trabalho escravo, enquanto os recursos para combatê-lo encolheram.

Uma das principais ferramentas usadas para envergonhar os empregadores em conformidade também foi minada – todos os anos, o Ministério do Trabalho publica uma “lista suja” de empresas pegas explorando trabalhadores, mas, recentemente, sua publicação foi repetidamente bloqueada ou atrasada.

Veja a matéria completa (em inglês) no site da CNN.

Fonte: Veggi & Tal

Foto: CNN / Reprodução


NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:

1. O consumo de carne é danoso para tudo e para todos. Primeiramente, para os animais, que passam uma vida inteira de dor, sofrimento e morte; para o planeta, que está caminhando para o colapso por conta da pecuária; para a própria saúde humana, pois já está mais do que provado cientificamente que a proteína animal causa diversos malefícios; e, como igualmente já sabíamos e a presente reportagem mostra mais uma vez, também para os trabalhadores envolvidos. Quem consome carne está financiando todo esse mal.

Leia abaixo três outras matérias que publicamos a respeito da exploração humana e danos psicológicos sofridos por aqueles que trabalham na indústria da carne:



"O horror! O horror!" (segunda matéria)

2. Você ainda consome carne, não quer mais compactuar com tantos estragos, mas acha que é impossível deixar de lado esse hábito? Pois saiba que não só é possível, como é mais fácil do que parece (e alguns querem fazer parecer). Em primeiro lugar, tenha em mente que animais não são alimento, nenhum deles. Não são comida nem escravos dos humanos. Sentem como todos nós e por isso merecem a vida e a liberdade. A alimentação vegetariana estrita, sem carne de qualquer tipo ou derivados (laticínios, ovos, mel), já está provada como sendo a mais saudável para os humanos. Quem opta pelo veganismo (que engloba não somente a dieta vegetariana estrita, como também o não uso de roupas e acessórios de couro, lã, pele e seda, assim como o boicote a "atrações" que exploram os animais, como zoológicos, circos e aquários, e a empresas que fazem testes em animais) está fazendo um bem pelos animais e para sua própria saúde e vida. E não é difícil nem caro. Quer uma ajuda para começar a parar de comer carne? O primeiro passo é a informação. Aprenda com quem já vive esse estilo de vida: pergunte, pesquise. Use as redes sociais para expandir seu conhecimento sobre vários assuntos, inclusive esse, que é vital para você e um imensurável número de vidas inocentes. Há diversos grupos sobre o tema no Facebook. Listamos abaixo alguns deles:

VegAjuda - Veganismo disponibiliza um tópico fixo com uma lista de produtos (não só para alimentação) livres de crueldade animal e oferece sempre diversas dicas para iniciantes e "veteranos";

Veganismo é um dos maiores grupos sobre o tema no Facebook, com quase 50 mil membros sempre compartilhando experiências e tirando dúvidas;

Veganismo Popular e Veganos Pobres Brasil desmitificam a ideia de que veganismo é caro. É perfeitamente viável seguir uma alimentação diária sem crueldade animal e sem maltratar o bolso;

Musculação Vegana é voltado para os praticantes de atividades físicas. Nele, você pode ver como é preconceituosa e errada a ideia que algumas pessoas tentam propagar, de que vegetarianos estritos são fracos fisicamente (muito pelo contrário, são mais fortes e saudáveis). O grupo oferece diversas dicas de alimentação e suplementação vegana.

Existem diversos sites e blogues com deliciosas receitas veganas (além dos tradicionais livros de receitas), simples e baratas de fazer. Clique aqui para conhecer uma lista deles!

Já a Revista dos Vegetarianos é uma publicação mensal (impressa e on-line) com excelente conteúdo que vai bem além de receitas, focando a saúde como um todo. 

Mapa Vegano lista diversos estabelecimentos em todo o Brasil, abrangendo produtos e serviços de alimentos e bebidas, higiene e beleza, roupas e acessórios, ONGs e outros. 

Informe-se sempre! Aqui mesmo em nosso blogue, publicamos diariamente matérias sobre veganismo x indústria da carne (e do leite, ovos etc.). Leia também em outras fontes, converse com outros veganos e vegetarianos (mesmo que você não conheça pessoalmente, como nos grupos indicados acima) e veja de que lado é o certo ficar. Mas já saiba desde o começo que abraçar o veganismo é uma mudança e tanto, que fará um imenso bem para você, para os animais e para o planeta.

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