Esse movimento está ajudando animais da pecuária industrial ao expor seu sofrimento para que o mundo veja


O grande escritor Liev Tolstói disse uma vez: “Quando o sofrimento de outra criatura faz com que você sinta dor, não se submeta ao instinto inicial de sair de perto de quem sofre, mas, pelo contrário, vá mais perto, tão perto quanto possível daquele que sofre, e tente ajudar”. Essa noção é particularmente relevante quando se trata do sofrimento enfrentado pelos animais de criação – suas curtas vidas são repletas de miséria, crueldade e luto. Para alguns, é fácil fingir que não viu, ignorar a triste realidade por trás da pecuária industrial e continuar a viver sem nenhum arrependimento. Para outros, a agonia sofrida pelos animais de criação é muito grande para que possa ser ignorada, resultando no desejo de ser testemunha de seu sofrimento. Eles merecem ser vistos.

A pecuária industrial é uma pecuária industrializada em larga escala, com o objetivo de maximizar o lucro às custas dos animais. Nos EUA, cerca de 99,9% dos frangos de abate, 97% das galinhas poedeiras, 99% dos perus, 95% dos porcos e 78% do gado bovino são criados em fazendas industriais.

A vida dos porcos na pecuária industrial

A maioria dos animais criados para corte, ovos e laticínios se encontra confinada em galpões lotados e sem janelas, incapazes até mesmo de se virarem. As porcas usadas para reprodução são mantidas em baias de gestação minúsculas e são usadas e exploradas até que não sejam mais lucrativas e então enviadas ao abate.

Os porquinhos são retirados com aproximadamente 20 dias de idade e enviados a uma “fazenda de engorda” até que atinjam o peso padrão de mercado. Com somente seis meses de idade, esses porquinhos serão colocados dentro de um caminhão com centenas de outros e enviados para o matadouro, frequentemente por longas distâncias, sem comida nem água. Suas vidas desde o nascimento são repletas de dor, confusão e miséria.

Essa é uma indústria que tenta esconder seus segredos obscuros por trás de portas fechadas e longe dos olhos do público em geral. Mas graças a um grupo inabalável de pessoas, a verdade por trás da pecuária industrial e dos matadouros está sendo mostrada para todos.

Toronto Pig Save

Em 2010, as sementes de um novo movimento foram plantadas com a criação de uma organização canadense conhecida como Toronto Pig Save, um grupo de indivíduos com personalidades fortes, determinado a fazer a diferença para os animais. Cofundado por Anita Krajnc, seu principal propósito é testemunhar os porcos a caminho do matadouro. Essa é uma forma de mostrar os problemas relacionados aos maus-tratos desses animais dóceis para que o mundo veja.


O grupo realiza vigílias semanais em matadouros de Toronto, se conectando com os porcos rapidamente antes de eles serem levados para suas mortes. Conforme Anita explicou em uma postagem comovente no blogue“Você pode imediatamente discernir confusão, medo e dor em seus cativantes olhos e nos arranhões e cortes nos corpos dessas almas gentis originados pelo manuseio grosseiro… Olhar os porcos, tocar seus focinhos quando eles os colocam para fora nos buracos de entrada de ar para cheirar nossas mãos, ouvi-los grunhir para se comunicarem com a gente e entre eles fortalece nosso objetivo de fazer tudo que pudermos para ajudá-los”.

A ideia é simples, porém eficiente: ser testemunha dos animais a caminho do matadouro – reconhecê-los, confortá-los e conscientizar sobre seu sofrimento. As raízes desse movimento rapidamente começaram a se espalhar e hoje há mais de 100 grupos Save ao redor do mundo, surgindo novos a cada semana.

The Save Movement

Esse movimento é uma rede mundial de indivíduos que testemunham porcos, vacas, galinhas e outros animais de criação a caminho do abate, ao realizar vigílias regulares nos matadouros. Os animais, assim como os ativistas, são fotografados e documentados como uma forma de espalhar a conscientização global.

Ao compartilhar histórias, fotografias e vídeos nas mídias sociais, esses grupos estão fazendo com que seja impossível que outras pessoas ignorem e finjam que isso não está acontecendo. O objetivo geral é ter grupos presentes em cada matadouro para criar “um movimento popular em massa pela justiça animal”. Hoje, há grupos localizados em Londres (Inglaterra), Los Angeles (EUA), Melbourne (Austrália) e Vancouver (Canadá), apenas para citar alguns.

Como você pode ajudar

Se você está buscando justiça para os animais de criação, se envolver nesse movimento é um ótimo jeito de começar - vá a uma vigília em sua cidade ou, se não houver, comece um grupo entrando em contato com o Save Movement (veja como aqui, em inglês). Você também pode ajudar apoiando santuários de animais de criação e centros de resgate locais.

Mostre aos outros a verdade por trás da pecuária industrial. Não vire as costas para o sofrimento. Todos nós podemos fazer a diferença nas vidas dos animais de criação!


Fotos: Shutterstock e L. Jorgensen


NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:


2. Animais não são alimento, nenhum deles. Eles não são comida nem escravos dos humanos. Sentem como todos nós e por isso merecem a vida e a liberdade. A alimentação vegetariana estrita, sem carne de qualquer tipo ou derivados (laticínios, ovos, mel), já está provada como sendo a mais saudável para os humanos. Quem opta pelo veganismo (que engloba não somente a dieta vegetariana estrita, como também o não uso de roupas e acessórios de couro, lã, pele e seda, assim como o boicote a "atrações" que exploram os animais, como zoológicos, circos e aquários, e a empresas que fazem testes em animais) está fazendo um bem pelos animais e para sua própria saúde e vida. E não é difícil nem caro. Quer uma ajuda para começar a parar de comer carne? O primeiro passo é a informação. Aprenda com quem já vive esse estilo de vida: pergunte, pesquise. Use as redes sociais para expandir seu conhecimento sobre vários assuntos, inclusive esse, que é vital para você e um imensurável número de vidas inocentes. Há diversos grupos sobre o tema no Facebook. Listamos abaixo alguns deles:

VegAjuda - Veganismo disponibiliza um tópico fixo com uma lista de produtos (não só para alimentação) livres de crueldade animal e oferece sempre diversas dicas para iniciantes e "veteranos";

Veganismo é um dos maiores grupos sobre o tema no Facebook, com quase 50 mil membros sempre compartilhando experiências e tirando dúvidas;

Veganismo Popular e Veganos Pobres Brasil desmitificam a ideia de que veganismo é caro. É perfeitamente viável seguir uma alimentação diária sem crueldade animal e sem maltratar o bolso;

Musculação Vegana é voltado para os praticantes de atividades físicas. Nele, você pode ver como é preconceituosa e errada a ideia que algumas pessoas tentam propagar, de que vegetarianos estritos são fracos fisicamente (muito pelo contrário, são mais fortes e saudáveis). O grupo oferece diversas dicas de alimentação e suplementação vegana.

Existem diversos sites e blogues com deliciosas receitas veganas (além dos tradicionais livros de receitas), simples e baratas de fazer. Clique aqui para conhecer uma lista deles!

Já a Revista dos Vegetarianos é uma publicação mensal (impressa e on-line) com excelente conteúdo que vai bem além de receitas, focando a saúde como um todo. 

Mapa Vegano lista diversos estabelecimentos em todo o Brasil, abrangendo produtos e serviços de alimentos e bebidas, higiene e beleza, roupas e acessórios, ONGs e outros. 

Informe-se sempre! Aqui mesmo em nosso blogue, publicamos diariamente matérias sobre veganismo x indústria da carne (e do leite, ovos etc.). Leia também em outras fontes, converse com outros veganos e vegetarianos (mesmo que você não conheça pessoalmente, como nos grupos indicados acima) e veja de que lado é o certo ficar. Mas já saiba desde o começo que abraçar o veganismo é uma mudança e tanto, que fará um imenso bem para você, para os animais e para o planeta.

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