Por dentro do ovo

    Foto: Freepik

Não importa se os ovos são brancos, como os de granjas, ou se são caipiras, de sítios comerciais. Sempre haverá crueldade e exploração de animais. O próprio fato de existir compra e venda de animais em qualquer negócio já caracteriza a exploração. A partir do momento que um animal é citado como fonte geradora de renda para um ser humano, ali está exposta a escravidão.

Conheça abaixo a indústria dos ovos. 


Progenitores são horrivelmente maltratados

      Criação industrial de galinhas (Foto: O Holocausto Animal)

Os progenitores da maioria das galinhas utilizadas na indústria de ovos são alojados em galpões com um galo para cada nove a 11 galinhas. Até 10 mil desses animais são espremidos em galpões com cerca de 57 a 61 cm por ave. Antes de chegar nas instalações de procriação, as aves podem ter tido seus bicos, esporas, cristas e às vezes até seus dedos cortados, para prevenir agressões. Esses procedimentos são realizados normalmente sem qualquer anestesia ou analgésicos.

As aves são alimentadas uma vez por dia, e têm seus ovos coletados três vezes por dia para serem levados a uma incubadora. A cada ano, ao final do primeiro ciclo de postura, a maioria das galinhas poedeiras é enviada aos matadouros e repostas por uma nova leva de galinhas. Galos podem ser mantidos por até 18 meses.


Pintinhos machos são moídos vivos

      Pintinhos machos jogados no lixo (Foto: O Holocausto Animal)

Ovos fertilizados de criadores comerciais são transportados para incubadoras que fornecem calor uniforme para todos os ovos de modo que eles eclodam ao mesmo tempo. Algumas instalações mantêm 300 mil ovos. Depois de um período de 21 dias de incubação, os pintinhos nascem. Em circunstâncias normais, galinhas vocalizam para seus filhotes durante a incubação. Pintinhos em incubadoras ouvem apenas o silêncio.

Na indústria de ovos, os pintinhos machos são mortos no mesmo dia em que seu sexo é determinado. Não é lucrativo para os criadores comerciais manter indivíduos machos até a maturidade. E é legal triturá-los vivos, asfixiá-los com gás ou atirá-los em caçambas de lixo. Nos Estados Unidos, até 200 milhões de pintinhos são mortos anualmente. Se uma fazenda de ovos não fizer suas próprias incubações, é quase garantido que irá comprar galinhas de incubadoras que matam os pintinhos machos. Isso inclui não apenas os criadores industriais, mas até alguns do tipo "livre de gaiola", ou "criado solto".

Galinhas são mutiladas

      À esquerda, uma galinha com bico normal; 
à direita, uma galinha com bico cortado (Foto: O Holocausto Animal)


Aquelas que são destinadas às instalações de ovos apinhadas têm uma parte de seus bicos, repletos de nervos e vasos sanguíneos, cortada. Aves alojadas em configurações não naturais, como aquelas encontradas em fazendas industriais, exibem comportamento anormal, incluindo agressão gratuita e canibalismo, por isso é feita a debicagem. Esse comportamento agressivo é apenas o resultado de como elas são alojadas, e não seu comportamento natural.

A debicagem pode ser realizada com laser, facas cauterizadas, tesouras ou corrente elétrica. Até a conservadora Associação Médica Veterinária Americana (AVMA, sigla em inglês) indica que esse procedimento, se realizado sem analgésicos ou anestesia, é doloroso e gera sofrimento prolongado.

Galinhas criadas em instalações com ou sem gaiolas são normalmente debicadas. Até algumas pequenas propriedades com base em pastagens debicam suas galinhas.


95% das galinhas são amontoadas em gaiolas tão pequenas que não podem nem sequer abrir suas asas

Essa é a criação padrão de galinhas 
(Foto: O Holocausto Animal)


95% das quase 400 milhões de galinhas poedeiras dos Estados Unidos são alojadas em baterias de gaiolas, às vezes empilhadas em até sete camadas, onde são alojadas de cinco a oito galinhas durante toda a duração da postura. As aves não podem esticar suas asas e mal conseguem se virar. Cada galinha tem menos espaço do que uma folha de papel A4.

Entre 60 mil e 100 mil galinhas são alojadas em cada galpão, e a maioria dos fazendeiros mantém múltiplos galpões em uma fazenda. Essas condições geram comportamentos estereotipados e anormais, como falso banho de poeira, agressão e canibalismo.

Para reduzir a disseminação de doenças e aumentar a produção de ovos, galinhas são alimentadas com ração aditivada com antibióticos.

Mesmo em operações do tipo "livre de gaiola", aves ainda são debicadas e têm pouco espaço para ciscar. Esse tipo de instalação aloja de 10 mil a 50 mil galinhas em cada galpão, a maioria sem janelas.

Não existe definição legal para "sem gaiola" ou "criado solto", e a maioria desses criadores ainda debica suas galinhas. Menos de 1% das galinhas são alojadas em instalações do tipo "sem gaiola" ou "criado solto".

Galinhas são prisioneiras de seus próprios corpos

   Galinhas resgatadas de uma fazenda industrial 
(Foto: O Holocausto Animal)


As raças normalmente usadas na produção de ovos foram selecionadas artificialmente para produzir de três a cinco vezes mais ovos do que o normal. Essas aves põem de 250 a 300 ovos por ano, enquanto galinhas silvestres ou selvagens produzem apenas 20 a 50 ovos anualmente. Mesmo galinhas caipiras produzem de 120 a 160 ovos a cada ano, muito menos do que as raças poedeiras artificialmente selecionadas.

Na maioria das fazendas, onde aves são alojadas em galpões fechados, sem acesso a iluminação normal, galinhas são induzidas a pensar que é sempre primavera. Luzes artificiais ficam ligadas de 12 a 16 horas por dia durante o período de pico da produção. Em uma cruel distorção da natureza, ciclos de muda são induzidos nessas aves através de jejum. Em ambiente natural, galinhas passam por um processo de muda em que elas trocam todas suas penas e preparam seus corpos e sistemas reprodutivos para o próximo ciclo de postura. Em fazendas, entretanto, elas passam fome de dois a 11 dias.

O resultado dessa produção forçada inclui osteoporose e fratura de ossos. Até 30% das galinhas na indústria de ovos sofrem de osteoporose. Doenças reprodutivas como câncer de ovário são prevalentes em galinhas de raças poedeiras. Por conta disso, quando têm a oportunidade de viver em santuários, essas aves raramente passam dos sete anos (apesar de uma expectativa de vida normal de 16).

Galinhas podem ser abatidas plenamente conscientes

Galinhas estão plenamente conscientes quando suas gargantas são cortadas. Depois de um descarregamento rude, as aves são agrilhoadas de cabeça para baixo pelas pernas. Geralmente, as aves passam por um banho elétrico, que pode induzir à morte, mas em matadouros mal operados (leia-se a maioria), as aves permanecem apenas imobilizadas e estão plenamente conscientes quando suas gargantas são cortadas.

Galinhas criadas para o consumo de carne são muito maiores do que as poedeiras e não há um grande mercado para a carne de galinhas da indústria de ovos. A maioria das mais de 200 milhões de galinhas é então vendida para a fabricação de sopas baratas, ração animal ou simplesmente usadas como adubo.

Assista a dois vídeos feitos pela ONG norte-americana Mercy for Animals dentro da indústria dos ovos. Eles são de 2009, mas as práticas ainda são atuais e diárias, em todo o mundo; não são legendados em português, mas as imagens falam por si só: quem ainda come galinha, frango e ovos deve parar. Quem ainda insiste nesse hábito é cúmplice desse horror contra os animais.




Ovos brancos e ovos caipiras: cadê o pintinho?

É comum o pensamento de que cada ovo quebrado na frigideira é um pintinho em formação. Não é. Nas granjas de ovos brancos, as galinhas poedeiras não têm contato com os machos de sua espécie. Logo, não há fecundação. Assim, seria impossível haver um feto ali. De qualquer forma, não é menos nojento comer um omelete, já que aqueles líquidos que saem da casca direto para a frigideira são, na verdade, placenta e menstruação de uma fêmea. A gema é o exato equivalente do óvulo que as mulheres liberam todo mês. Mas, nas galinhas, o ciclo tem duração diferente.

Já os ovos oriundos das galinhas "caipiras", criadas soltas, têm grande chance de conter um embrião dentro. Um aborto com arroz para o almoço?

Os ovos de galinha são tão importantes para a alimentação humana quanto os ovos de tartaruga - com que frequência você come esses? Pense nisso: não há nenhuma necessidade de consumir ovos, sejam eles de galinha, tartaruga ou papagaio. Você pode adotar um estilo de vida muito mais saudável para todos: os animais, você e o planeta.


        Foto: Vista-se




Fontes:

O Holocausto Animal

Vista-se

Mercy for Animals (vídeos)


NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:

1. Ao contrário do que pensa a maioria das pessoas, ovos não são necessários para receitas. Aprenda como substituí-los por opções saudáveis e sem sofrimento e morte aqui.

2. Leia também: Frango ao Reverso.

3. Recentemente, as redes de fast food Burger King e McDonald's anunciaram que passarão a comprar (o McDonald's só a partir de 2025) ovos apenas de fornecedores que criem os animais fora de gaiola. Isso quer dizer que as galinhas ficarão em um espaço maior e com algum espaço de terra, mas ainda assim confinadas, recebendo alimentação balanceada e hormônios para produção de ovos, e continuarão sendo mortas, após terem atingido o nível de produção exigido pela indústria. E eles chamam isso de "bem-estarismo", apenas porque elas não estarão mais em gaiolas. Outra falácia da indústria da carne é o "abate humanitário": eles alegam que existem formas delicadas de matar os animais. O documentário brasileiro A Carne É Fraca, produzido pelo Instituto Nina Rosa, foi filmado apenas em locais que praticavam esse suposto "abate humanitário". Assista ao filme e tire suas próprias conclusões.

O que nós, da causa animal, queremos não é bem-estarismo e muito menos "abate humanitário". Lutamos pela completa libertação animal, pois todos eles têm direito à liberdade e uma vida sem dor e sofrimento.

4. Animais não são alimento, nenhum deles. Eles não são comida nem escravos dos humanos. Sentem como todos nós e por isso merecem a vida e a liberdade. A alimentação vegetariana estrita, sem carne de qualquer tipo ou derivados (laticínios, ovos, mel), já está provada como sendo a mais saudável para os humanos. Quem opta pelo veganismo (que engloba não somente a dieta vegetariana estrita, como também o não uso de roupas e acessórios de couro, lã, pele e seda, assim como o boicote a "atrações" que exploram os animais, como zoológicos, circos e aquários, e a empresas que fazem testes em animais) está fazendo um bem pelos animais e para sua própria saúde e vida. E não é difícil nem caro. Quer uma ajuda para começar a parar de comer carne? O primeiro passo é a informação. Aprenda com quem já vive esse estilo de vida: pergunte, pesquise. Use as redes sociais para expandir seu conhecimento sobre vários assuntos, inclusive esse, que é vital para você e um imensurável número de vidas inocentes. Há diversos grupos sobre o tema no Facebook. Listamos abaixo alguns deles:

VegAjuda - Veganismo disponibiliza um tópico fixo com uma lista de produtos (não só para alimentação) livres de crueldade animal e oferece sempre diversas dicas para iniciantes e "veteranos";

Veganismo é um dos maiores grupos sobre o tema no Facebook, com quase 50 mil membros sempre compartilhando experiências e tirando dúvidas;

Veganismo Popular e Veganos Pobres Brasil desmitificam a ideia de que veganismo é caro. É perfeitamente viável seguir uma alimentação diária sem crueldade animal e sem maltratar o bolso;

Musculação Vegana é voltado para os praticantes de atividades físicas. Nele, você pode ver como é preconceituosa e errada a ideia que algumas pessoas tentam propagar, de que vegetarianos estritos são fracos fisicamente (muito pelo contrário, são mais fortes e saudáveis). O grupo oferece diversas dicas de alimentação e suplementação vegana.

Existem diversos sites e blogues com deliciosas receitas veganas (além dos tradicionais livros de receitas), simples e baratas de fazer. Clique aqui para conhecer uma lista deles!

Já a Revista dos Vegetarianos é uma publicação mensal (impressa e on-line) com excelente conteúdo que vai bem além de receitas, focando a saúde como um todo.

Mapa Vegano lista diversos estabelecimentos em todo o Brasil, abrangendo produtos e serviços de alimentos e bebidas, higiene e beleza, roupas e acessórios, ONGs e outros. 

Informe-se sempre! Aqui mesmo em nosso blogue, publicamos diariamente matérias sobre veganismo x indústria da carne (e do leite, ovos etc.). Leia também em outras fontes, converse com outros veganos e vegetarianos (mesmo que você não conheça pessoalmente, como nos grupos indicados acima) e veja de que lado é o certo ficar. Mas já saiba desde o começo que abraçar o veganismo é uma mudança e tanto, que fará um imenso bem para você, para os animais e para o planeta.

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