Holocausto judeu vs. Holocausto animal


Eventualmente, algumas pessoas podem se sentir incomodadas com a comparação entre o holocausto judeu e o massacre dos animais. Este artigo visa esclarecer que correlacionar as duas situações é perfeitamente válido.

O termo 'holocausto'

É importante deixar claro que o termo 'holocausto' era utilizado antes do massacre dos judeus, sendo originário da palavra grega 'holókauston' ('olos' = 'todos' + 'kaustos' = 'queimados') [1]. Por centenas de anos, a palavra foi utilizada para denotar grandes massacres. Além disso, em países francófonos, é preferível o termo 'shoah' (ou 'shoá') como referência ao extermínio de judeus, pois 'holocausto' conota a ideia de sacrifício religioso. 

“Mesmo o termo 'shoá' não é totalmente adequado porque não indica a autoria humana dessa catástrofe. Não há em nossa linguagem nenhum termo capaz de exprimir com precisão e rigor a destruição do judaísmo europeu […].” (Esther Mucznik apud Cavaco, 2012, p. 5)

Quem começou com isso?

Você pode estranhar, mas os pioneiros a fazer a comparação entre o holocausto judeu e o massacre animal foram escritores e acadêmicos, sendo alguns deles judeus. Por exemplo, Isaac Bashevis Singer, ganhador do Nobel de Literatura em 1978, disse: “Para os animais, todos os humanos são nazistas”. [2] Theodor Adorno, filósofo e sociólogo, afirmou: “Auschwitz começa sempre que alguém olha para um matadouro e pensa: eles são apenas animais”. [3]


Tente identificar qual dos recortes acima pertence a Auschwitz 
e qual refere-se a uma fazenda industrial



Alex Hershaft é um sobrevivente do Holocausto. Ele próprio, vegano e judeu, fundou o Movimento pelos Direitos dos Animais de Fazenda (FARM, sigla em inglês), no ano de 1981, em conjunto com a ONG norte-americana PETA (People for the Ethical Treatment of Animals). Ele afirma que começou a perceber as semelhanças entre os dois massacres através do “confinamento, brutalidade e extermínio em massa”. [4]

Não é mera coincidência

Conhecer os métodos de abate é uma das melhores formas de compreendermos a correlação evidente entre o holocausto judeu e o massacre dos animais. Um fato interessante é que Heinrich Himmler, um dos criadores das câmaras de gás, era também criador de galinhas. Tomemos esse fato para fazer uma comparação entre um campo de concentração judeu e um matadouro: o objetivo de uma fazenda industrial é desmembrar, torturar e assassinar seres inocentes, que tiveram o direito à vida sequestrado.

O "abate humanitário" de porcos ocorre em câmaras de gás carbônico, por asfixia. Você ainda tem alguma dúvida sobre a semelhança desses massacres?

Assim como os judeus, os animais possuem marcações na própria pele:
eles se tornam mera estatística


Assim como judeus, negros e homossexuais, os animais foram e são oprimidos, torturados, menosprezados e tratados como coisas, sem direito à vida ou liberdade. A linha de raciocínio do machismo e do racismo é a mesma do especismo, sendo este último definido pelo psicólogo Richard Ryder. É a linha que acredita que podemos tratar seres sencientes como objetos e coisas, colocando os interesses de uns sobre outros.

Podemos até dizer, com segurança, que estamos presenciando o pior holocausto em toda a história da humanidade: 65 bilhões de animais são mortos por ano [6], desnecessariamente, apenas para saciar o paladar de uma espécie que insiste em querer dominar seus semelhantes. Os animais são nossos semelhantes no quesito da senciência. Eles podem sofrer e possuem o interesse em permanecer vivos. Porém esse reconhecimento moral não acontecerá de uma hora para outra. Não se esqueça de que levou mais de 400 anos para que as pessoas reconhecessem que os negros não podem ser escravizados ou tratados como coisas.

Referências:

[1] CAVACO, Paulo Jorge Teixeira. A representação do holocausto em Ilse Losa. 2012.

[2] PATTERSON, Charles. Eternal Treblinka: Our treatment of animals and the Holocaust. Lantern Books, 2002.

[3] PATTERSON, Charles. Animals, Slavery, and the Holocaust. Logos Journal, v. 4.2, 2005.

[4] PFEFFERMAN, Naomi. Comparing animal rights and the Holocaust. JEWISH JOURNAL, outubro, 2012.

[5] SINGER, Peter. Libertação animal: o clássico definitivo sobre o movimento pelos direitos dos animais. Editora WMF Martins Fontes. São Paulo, 2010.

[6] WEBERMANN, Michael A. Why Do We Need ‘World Day for Farmed Animals’? Huffpost Green, outubro, 2013.




NOTA DA NATUREZA EM FORMA:

Animais não são alimento, nenhum deles. Eles não são comida nem escravos dos humanos. Sentem como todos nós e por isso merecem a vida e a liberdade. A alimentação vegetariana estrita, sem carne de qualquer tipo ou derivados (laticínios, ovos, mel), já está provada como sendo a mais saudável para os humanos. Quem opta pelo veganismo (que engloba não somente a dieta vegetariana estrita, como também o não uso de roupas e acessórios de couro, lã, pele e seda, assim como o boicote a "atrações" que exploram os animais, como zoológicos, circos e aquários, e a empresas que fazem testes em animais) está fazendo um bem pelos animais e para sua própria saúde e vida. E não é difícil nem caro. Quer uma ajuda para começar a parar de comer carne? O primeiro passo é a informação. Aprenda com quem já vive esse estilo de vida: pergunte, pesquise. Use as redes sociais para expandir seu conhecimento sobre vários assuntos, inclusive esse, que é vital para você e um imensurável número de vidas inocentes. Há diversos grupos sobre o tema no Facebook. Listamos abaixo alguns deles:

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